domingo, 25 de abril de 2010

Acordei antes de Clarice. Quando isso acontece, fico quieto olhando pra ela, pensando em todo esse tempo sem dar nomes, sem haver lugar, sem algo que nos definisse. À medida que o tempo passava, fui vendo as coisas mudando na vida de Clarice! Pessoas chegando e partindo, dois casamentos, um deles com filhos, uma carreira. Um dia parei e perguntei _ Por que não com a gente? Por que não juntamos de vez tudo isso num único lugar e damos a ele um nome? Ela respondeu_ Eu não sei...
Clarice não é o meu amor e nem eu sou o dela. Vivemos há pelo menos três décadas juntos nesse nosso jeito, um que não pede pra ser explicado, pois palavras demais atrapalham. A parte disto, o que existe de fato são duas vidas separadas por escolhas muito mais oportunistas do que desejadas, criando outras histórias que não fazem parte do nosso encontro. No meu caso, já não há mais ninguém e no dela, alguém que numa situação definida, costuma dizer que a ama.
Clarice acordou e o resto já sabíamos, eu sairia para comprar pães, enquanto ela prepararia o café. Depois, a continuação duma conversa nunca encerrada. No finalzinho da tarde, um "até breve" no forte abraço demorado e como sempre, Clarice tomaria um taxi até o aeroporto. A partir de então tudo seguiria do jeito que todos nós sabemos que algumas coisas costumam seguir.

2 comentários:

Camilla Dias Domingues disse...

eu não sei lidar com isso... parece sempre ser algo mal resolvido, embaçado mesmo pra mim.

GIL ROSZA disse...

eu sei! não é o ideal mas acontece. as vezes quem ta nessa até prefere que seja assim, ter o sigilo como confidente. as vezes a vida que se tem tbm não resolve, não ajuda preencher... e isso surge sem pensar mto.

rsrsrs o peninha até fez essa:

"Então tá combinado, é quase nada
É tudo somente sexo e amizade.
Não tem nenhum engano nem mistério.
É tudo só brincadeira e verdade.
Podemos ver o mundo juntos,
Sermos dois e sermos muitos,
Nos sabermos sós sem estarmos sós".