quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Notícias de uma Guerra Particular é um documentário de 1999 dirigido por João Moreira Salles e Kátia Lund. O filme pega bem de perto, dentro de uma comunidade e na administração das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, depoimentos de alguns personagens da violenta guerra urbana travada há décadas entre políciais e traficantes.
O que mais impressiona nele é que 11 anos depois, a falida política de segurança pública do Estado não mudou nada, ao contrário da empresa conhecida como Tráfico de Armas e Drogas S.A. que tem feito direitinho o dever de casa dela. No filme, ao ouvir o depoimento do delegado Hélio Luz, que na época, era secretário de segurança, fico pensando por que a pollítica de segurança pública da administração atual, como as anteriores, ainda segue o caminho mais fácil que é botar o Bope na rua para proteger à Classe Média, como na época de D. João VI, deixando o mais difícil, o trabalho de inteligência social dentro das comunidades ou ao deus-dará ou sob responsabilidade das ONGs?
Enquanto o governo segue omisso na sua retórica de campanha e ignora sua obrigação social de prover para crianças sem futuro, uma coisa melhor que os Padres Severinos da vida, para educar, dar acessso, fazer melhor que plantar unidades para "pacificar", os comandos no morro, que dum lado são clientes VIP da Colt (a fabricante americana dos letais fuzis AR15), e do outro, fornecedores regulares dos bacanas no Baixo Leblon, seguem se aprimorando em sistemas de telefonia celular carcerária e em táticas de sítio/guerrilha.
Outra pergunta feita pelo Hélio Luz em 99 e que ainda hoje parece pertinente é_ será que a burguesia quer mesmo uma polícia que pare de aceitar o "unzinho" da cervejinha para livrar da cana, o playboy que atropelou e matou o skatista dentro do túnel? Uma polícia que dê, sem distinção, tratamento devido ao cidadão legítimo? Vale à pena destacar que depois da participação no documentário, Hélio Luz foi exonerado do cargo.



Quem quiser conferir, o documentário está disponível no YouTube.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Já faz algum tempo desde a última vez que estive ligado assiduamente num seriado de TV e isso foi durante as oito temporadas de Arquivo X na Fox. Há poucas semanas assisti ao piloto de The Walking Dead (Fox, terça, 22h) e virei fã. Roteiro é a primeira coisa que me cativa numa produção e no caso de The Walking Dead, ele é uma obra-prima. O roteirista Frank Darabont, em vez de ficar dizendo _ ai como os zumbis são feiosos, cruéis e canibais!_  prefere mostrá-los como mais um dos tantos problemas de relacionamento virtual que ocorrem em redes sociais, e que um pequeno grupo de cidadãos comuns, padeiros, crianças, funcionários de escritório, policiais, donas-de-casa e outros, precisam encarar, mas não antes de conseguirem sobreviver a si próprios.
O mais interessante na narrativa, é que ela coloca o expectador dentro do problema, pois cada episódio tem um dilema ético/moral a ser digerido. É quase impossível não se colocar na pele de alguém (vivo é claro) e se perguntar_ o que eu faria se fosse comigo?
Enfim, o que acho sensacional em The Walking Dead é que o autor trabalha com muita originalidade em cima dum clichê que estamos carecas de saber! Conviver uns com os outros é foda, não importa se os tais uns e outros estão vivos ou mortos-vivos.



Excluindo perfis! Afinal, zumbis não são piores, nem melhores que os vivos.