segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ilustração: Ray Morimura
Dizem que na mesma época em que Sidarta Gautama estava para se tornar o Iluminado, havia no sul do país, um outro sadhu, também considerado santo, sábio e igualmente em condições de se tornar um Buda. Curiosamente, um não sabia da existência um do outro até serem convidados por um governador de província a fim de terem sua sabedoria testada, não por um experiente escriba ou um asceta, mas pela filha de 12 anos do regente. A menina se aproximou dos dois e colocou um pequeno cágado nas mãos de cada um deles, em seguida perguntou ao primeiro:
_ O que acontecerá se você o soltar?

_ Ele cairá. Afirmou o sadhu.
_ Solte-o! Ordenou a menina.
Ao abrir a mão, a criatura ficou pairando no ar.
A jovem em seguida, caminhou até Sidarta e fez a mesma pergunta. Ele olhou-a fixamente nos olhos e respondeu;
_ Eu não sei!
Ao dizer isso, a criatura que pairava caiu batendo com o casco no piso do pátio. Sidarta então devolveu para a menina o pequeno animal que havia permanecido seguro o tempo todo nas mãos dele.

(A Confraria dos Faunos)

domingo, 24 de abril de 2011

Não importa o quanto persigas compulsivamente um objeto muito desejado, é importante que ele seja uma quimera! É imprescindível que exista nele algo impossível de ser concluído, conhecido ou tocado. A alma humana não pode ser satisfeita por conquistas, ela simplesmente adoece quando isto acontece. Toda vez que alguém pensa estar suprido depois de conquistar algo muito desejado, é apenas uma questão de tempo até que uma inquietude saída das profundezas do nosso desassossego, acabe com esse estado artificial de paz que é a sensação de felicidade produzida por uma nova conquista. Somos sensíveis demais ao enfado, ao enjôo, ao tédio, ao “passamento” daquilo que prometemos a nós mesmos curtir para sempre.



 
É a busca incessante por algo que não temos que nos mantém vivos até que a morte nos ceife num jogo de dados. Enquanto isso não acontece é fundamental que se tenha na vida uma grande ilusão, quanto maior melhor! Uma utopia de estimação, necessária para que se acorde todos os dias desejando viver ou morrer em nome dela.