sábado, 1 de janeiro de 2011

As amizades têm mesmo os seus sabores. Ontem, enquanto eu me arrumava para dar uma saída, um velho amigo da safra dos muito queridos me ligou pra um bate-papo rápido. Interesses diferentes na vida, compromissos familiares e nem mesmo o MSN, tem nos ajudado a estar em contato com a regularidade que tínhamos antes. Entretanto, ele, fiel como um gêiser, faz questão de ligar todo último dia do ano para todos os companheiros da antiga confraria. Acho bacana isso, me emociona até.
Foi no apartamento da mãe dele quando ainda éramos moleques, que dei de cara com o primeiro álbum do Beto Guedes, A Página do Relâmpago Elétrico, por sinal, um design gráfico de capa, encarte e no selo do vinil, que está entre as coisas mais bonitas que já vi num disco.
Anos mais tarde, já bem distante da minha alcatéia, desci a Barata Ribeiro farejando o cio de Copacabana, até entrar na Modern Sound para ver alguns títulos. Para minha surpresa lá estavam os dois primeiros álbuns do Beto, reeditados apenas nos EUA e no Japão, já que o escritório brasileiro da EMI não apostou que fosse financeiramente viável lançá-los aqui. Imediatamente saquei o cartão e os arrematei no impulso. Naquela tarde, voltei pra casa feliz da vida ouvindo Feira Moderna no repeat até o CD Player pedir pelo amor de deus para eu parar ou mudar de faixa.
________________

Ontem, 31 de dezembro de 2010, os sócios da Modern Sound anunciaram oficialmente ao seu público, o falecimento da mega loja que fez a felicidade de uma geração. Fica agora apenas o mito.


sexta-feira, 31 de dezembro de 2010



Já faz um tempo que não faço mais balanço dos anos que tenho vivido. Isso pode parecer uma tentativa de tirar onda de homem vivido! Quem dera fosse! Não sou velho, nem moço, não estou em conflito com nada dentro ou fora de mim. Não me sinto suprido, nem carente de nada que me faria melhor ou pior do que já sou. O que mudou no entanto, foi o itinerário, se antes a velocidade era pela vontade de chegar rápido nalgum lugar seguro, hoje, é apenas pelo prazer de sentir o vento na cara.
O fim das coisas não passa de uma percepção equivocada de como estas trafegam pelo tempo. O medo de experimentar esse “equívoco” e o desejo ilusório de que aquilo que nos fazem bem permaneça quase imutável, é que não deixa ninguém aceitar o fato de que toda existência é transitória, um autodeletável “arquivo ponto temp”.


"So you think you can tell heaven from Hell?"

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ilustração: Jimmy Tan
Se algum um dia tiver curiosidade de saber o tamanho do seu medo, será preciso que faça uma lista das coisas e pessoas que imagina serem tuas e que enlouquecerias só de pensar em perdê-las inesperadamente. Quanto mais itens estimados adicionar a esta lista, maior será o tamanho do seu medo. Só quem não tem nada a perder é que pode se dar ao luxo de usufruir da estranha graça de jamais sentir medo.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O uso eficaz da ironia requer um golpe rápido, bem calculado, sobretudo, com a força certa. Se dado com pouca força, corre-se o risco do resultado perder o efeito ácido desejado e pior: virar uma bobagem sem criatividade. Se aplicado com força demais, vira uma terrível crueldade.



Afiada como uma Hattori Hanzo: Beatrix Kiddo é a sacerdotisa da ironia fina.