As amizades têm mesmo os seus sabores. Ontem, enquanto eu me arrumava para dar uma saída, um velho amigo da safra dos muito queridos me ligou pra um bate-papo rápido. Interesses diferentes na vida, compromissos familiares e nem mesmo o MSN, tem nos ajudado a estar em contato com a regularidade que tínhamos antes. Entretanto, ele, fiel como um gêiser, faz questão de ligar todo último dia do ano para todos os companheiros da antiga confraria. Acho bacana isso, me emociona até.
Foi no apartamento da mãe dele quando ainda éramos moleques, que dei de cara com o primeiro álbum do Beto Guedes, A Página do Relâmpago Elétrico, por sinal, um design gráfico de capa, encarte e no selo do vinil, que está entre as coisas mais bonitas que já vi num disco.
Anos mais tarde, já bem distante da minha alcatéia, desci a Barata Ribeiro farejando o cio de Copacabana, até entrar na Modern Sound para ver alguns títulos. Para minha surpresa lá estavam os dois primeiros álbuns do Beto, reeditados apenas nos EUA e no Japão, já que o escritório brasileiro da EMI não apostou que fosse financeiramente viável lançá-los aqui. Imediatamente saquei o cartão e os arrematei no impulso. Naquela tarde, voltei pra casa feliz da vida ouvindo Feira Moderna no repeat até o CD Player pedir pelo amor de deus para eu parar ou mudar de faixa.
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Ontem, 31 de dezembro de 2010, os sócios da Modern Sound anunciaram oficialmente ao seu público, o falecimento da mega loja que fez a felicidade de uma geração. Fica agora apenas o mito.