sábado, 17 de julho de 2010

Sou urbano, adestrado, insone, estressado, individualista, workaholic, perfeccionista, solitário, materialista, sedentário e cético, sobretudo cético. Quando sinto vontade de me expor ao metafísico, estranhamente, penso logo em algo que esteja o mais distante possível da aparência humana. Eu sei... poderia resolver melhor isso escolhendo alguém, digamos, do ramo, uma fonte antropomórfica que tivesse as respostas para todas as minhas angústias na palavra escrita, num mantra, numa prece. O problema é que no final das minhas contas, as minhas justificativas, mesmo as que parecem mais incoerentes, dominam tudo e acabam me colocando num espaço asfixiante entre o tanto e o faz.

"Meu amor, eu penso demais, no brilho do sol, na canção dos planetas, nas vidas que eu conheço e nas que eu não conhecerei jamais! Meu amor eu penso demais, em tudo que posso fazer e esqueço, em todas as mentiras sobre o nosso fim e o fim das estrelas! Meu amor o que será de mim, se eu não puder mais vê-las, com suas luzinhas pequenas, sobre nossas cabeças? "
Penso Demais (Sá & Guarabyra)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Na verdade nunca tive medo, já tive o desejo e todos os motivos do mundo, mas agora o que não tenho mais é porquê continuar querendo! Não busco salvação, não faço contas, não Lamento e nem aguardo! Não há mais mistérios além do que já foi descoberto! Hoje aparento ser isto e isto por hora me basta.
“Pra ser Jesus numa moto, Che Guevara dos acostamentos, Bob Dylan numa antiga foto, Cassius Clay antes dos tratamentos, John Lennon de outras estradas, Easy Rider, dúvida e eclipse, São Tomé das Letras Apagadas e Arcanjo Gabriel sem apocalipse!”
Quando ainda tinha Orkut, entrei certa vez, numa comuna chamada “bonzinho só se fode”! Na época rolei de rir com aquilo, porque a expressão contraria a formação cristã usada anos atrás para adestrar crianças a se tornarem obedientes e de modo subliminar, as incentivava ao autosacrifício em nome de pequenas virtudes, com a promessa de se alcançar com isso, alguma boa recompensa no futuro. Há muita nobreza nisso e certamente não conheço nada mais genuinamente romântico! Pena que hoje em dia, na prática, o que mais se vê são os românticos cada vez mais se fodendo de graça ou quando pagos, são muito mal pagos.
Alguém se torna “bonzinho” quando não consegue perceber a diferença entre ser babaca de carteirinha, naif, e tentar ser bom cidadão, legal, razoável, honesto, correto e do bem. Ser “bonzinho”, no geral, é ser crédulo, ingênuo, passar atestado, é estar alegremente disponível quando alguém precisa de um otário pra servir de bucha, para dar a vida de graça numa roubada em que todos estão espertamente ganhando alguma coisa, é não sacar quando um egoísta o usa como brinquedo emocional para matar o tédio, se saciar temporariamente de alguma forma, antes de descartá-lo, demiti-lo, substituí-lo sem o mínimo sinal de consideração. É quando se vira um Cristo preto risonho que da primeira fila, solicito e bem disposto, se oferece gratuitamente como dócil montaria. E assim fica o “bonzinho”, tomando a seco, sem vaselina, enquanto espera uma vaga celeste, uma passagem para o nirvana. Assim vai a boa moça e o bom rapaz, como um Agnus Dei que crê piamente que há mesmo neste mundo, um bom lugar para “bonzinhos”.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Música velha, clipe velho (2002). É, eu sei que todo mundo já o assistiu, mas é também uma abordagem duka criativa que o pessoal da Conseqüência encontrou pra ilustrar a letra do Frejat, sobre a doce cilada que quase ninguém escapa! Quando envolve afetos, conseguir o que mais se deseja, a realização, a felicidade do objetivo alcançado, talvez seja a pior maneira de se constatar que nada disso satisfaz, porque a insatisfação que a gente sente é uma doença de nascença e ela não tem cura!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Anos atrás, zanzava eu nas cercanias da Lavradio e lá pelas tantas ouvi o Pedro Luis, na época ainda com a “parede” mandar ver em “Máquina de Escrever”. Pensei cá com meus cadarços_Caralho! Mais tarde, quando o “Astronauta Tupy” apareceu lá na Cultura 100, para minha alegria e da Dd, fui como sempre, xeretar o encarte, e lá fiquei surpreso em saber que a autoria do que eu havia passado, presunçosamente, a considerar como meu epitáfio, não era do Pedro Luis, mas de Mathilda Kóvak e Luíz Capucho. Como cansei de dizer aqui muitas vezes, adoro outsiders e zanzando pelo YouTube dia desses, vi com um anônimo, a versão que já considero um verdadeiro achado, ainda mais num precário video caseiro de fazer justiça a qualquer alma corsária. Simplesmente duka! Outsider mode on!

Se tiver a fim de baixar o "Astronauta Tupy" e ouvir a ótima versão com Pedro Luis, clicque aqui e boa viagem!


segunda-feira, 12 de julho de 2010

É por isso que se chama fantasia, porque o objeto fantasiado não está totalmente ao alcance! É que tudo parece mais desejável quando se encontra quase intocável à certa distância de quem o deseja. Ao concretizá-lo, isso pode também, levá-lo aos poucos, a perder a graça. Essa pequena lógica onanista torna às vezes confuso, administrar o ato de oferecer a um homem um objeto de fantasia, como está sendo no caso daquela cinquentinha, que se vendo à deriva num casamento já milhado, resolve presentear o marido com um álbum de fotos onde ela aparece em poses sensuais.
A pergunta crucial aqui é_ Esta fantasia é a dela ou a dele? Se for a dela, é justíssimo e digno de aplauso, expor-se para uma lente, contrariando assim as recomendações de uma educação familiar cristã, onde meninas castas e esposas de respeito jamais deveriam se comportar assim. Mas se ela acredita que ao fazer isso, está também gerenciando uma fantasia dele, é provável que esteja na verdade, caindo no mesmo erro que muitas mulheres caem ao achar que sabem como se processa o olhar masculino em relação a fantasias. Geralmente, o homem médio adora voyeurizar figuras femininas que não existem, infantilmente passivas, eroticamente estereotipadas, que se acredita estar além das possibilidades de consegui-las. Inclua nisso, as que não lhes pertencem, as que não lhes dão bola ou as que estejam (pelo menos em tese) sob algum tipo de resguarda moralista-religiosa. Em suma, não é desconhecido de ninguém que a fantasia do homem médio, fica mais temperada quando vista através de um buraco de fechadura, quando servida junto com algum tipo de tabu que resvale num "pecado", restrição, proibição, até mesmo em algum tipo de infração. É por isso que esse tipo de desejo, que salvo alguns casos, precisam ser mantidos em segredo, se chama fantasia! Porque corresponde a uma parte daquilo que publicamente se jura por Deus que jamais faria, mas longe dos julgamentos, se entrega ao objeto, sem demonstrar pudores! Nisso, é bem provável que o marido da cinquentinha citada acima, fique muito mais excitado espiando o book com o ensaio sensual da melhor amiga dela.