sexta-feira, 16 de abril de 2010
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Conseguir algo há muito aguardado, além de fazer aparecer em torno do agraciado uma brilhante aura de satisfação, revela ainda sobre o objeto do desejo, uma doce camada cristalizada formada pelo acúmulo da espera. Quanto mais aguardada, mais espessa e saborosa ela é.
terça-feira, 13 de abril de 2010
O fragmento de texto do Puig é um empréstimo que peguei com a Camilla.
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- (...) E aí conheceu um rapaz da seção de política. Viu logo que precisava dele, que a relação com o outro estava esvaziada.- Por que esvaziada?- Tinham dado um ao outro tudo o que podiam. Eram muito agarrados, mas jovens demais para ficarem naquilo, ainda não sabiam direito... o que queriam, nenhum dos dois. E... Jane propôs ao rapaz uma abertura na relação. E o rapaz topou, e ela começou a se encontrar com o companheiro da revista também.
(O beijo da mulher aranha - Manuel Puig)Terça-feira, 13 de abril de 2010 - 01h50
Filosofia de R$ 1,99
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[ O diálogo foi reproduzido aqui sem nenhuma revisão, tal como transcrito originalmente durante o "chatting", inclusive, em algumas partes, sem a devida acentuação e outras especificações ortográfica ]
Ele diz:
uma pessoa falou q ando meio duro e sem esperança.
Pensei um pouco e acabei concordando, mas a vida não é um pouco assim?
Ela diz:
DURA SIM
mas temos q manter a esperança
Ele diz:
a esperança é uma invenção nossa e não da vida. a vida tem o jeitão dela e nunca mudou
Ela diz:
mas nos somos a vida
Ele diz:
sim, as nossas ações e percepções sim. mas quando falo vida falo dela universalmente. no universo somos a mesma coisa que uma pulga ou uma estrela supermassiva, a diferença esta no tempo de duração apenas, a sequencia de existencia é a mesma. pra vida, há apenas um pulso, um estouro uma subida até uma curva e depois uma descendente, isso é que não muda
Ela diz:
cada um desenvolve seu papel, mas acho q minha consciencia me torna mais q uma pulga
Ele diz:
de fato pra viver entre humanos é necessário mesmo consciência
mas uma pulga nao precisa mais do que ela já possui, ela sabe o papel dela desde que nasce e nao se sente confusa
Ela diz:
ela não tem consciencia né
Ele diz:
talvez nao e nem precisaria né?
talvez no mundo das pulgas nada precise ser explicado ou justificado
uma pulga nao precisa que alguém diga o que ela é, nem nome, nem origens. ela so tem algumas horas pra viver comer, fazer filhotes e morrer, consciencia pra que se a duração de vida é um flash apenas
Ela diz:
kkkkkkkkkkkkkkkk
um flash q pode durar 90 anos
Ele diz:
eu sei a nossa vida tbm é um flash, a gente é que não gosta mto de falar disso
pra pulga, 90 anos ou 90 segundos nao faz diferença, nao ha nada pra ser barganhado
nao ha cultura a ser transmitida, nem herança, nem definições, nem temores
a pulga é pulga e isso basta, talvez a nossa vida fosse assim antes da invenção da consciência, antes de sermos sapiens.
kkkkkk
Ela diz:
infelizmente não viemos pulga
Ele diz:
hahahahaha.
Ela diz:
então é viver o melhor q pudermos
Ele diz:
mas a gente acha isso pouco, e tenta complicar
vivemos de definir o que não precisa ser definido
definir nao ajuda nada, definir nao faz a vida ter mais sentido
Ela diz:
busco a cada dia sair dessa neura
Ele diz:
é uma boa meta, mas nao muda nada no fato de que tudo que há é um pulso, um estalo, uma subida até uma curva e depois uma descendente
rsrsrs, olha qta zuera falamos! kkkk. xô sair um pouco e tentar dormir, bánoite! ops! bom dia!
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Quando estamos envolvidos em algo que há tempos pede um corte e não damos, seguimos em direção ao desastre presos inutilmente ao que pende já podre. Protelamos, tentamos arrumar, colar, remendar, fingimos que não estamos tão mal assim. Às vezes é o medo de que o corte resulte em perdas, o que é fato, pois geralmente é isso mesmo que o corte faz. Às vezes é o apego indevido ao que está necrosado, perdido, sem chances de recuperação, mas não percebemos porque paira sobre a parte negroazulada e malcheirosa da gangrena, uma miragem projetando um reflexo de como aquilo era no passado quando ainda havia coisas bonitas e saudáveis ali.
A sabedoria do corte é citada numa bela parábola de Jesus (Mateus 18:8) quando ele menciona que se algum membro teu está te atrapalhando ganhar a vida eterna, corte-o imediatamente. Sejam quais forem os motivos para se evitar o corte, basta uma analise experiente feita com frieza e praticidade, um olho clínico, para saber que em certos casos não há escolha, é preciso sem demora, submeter um insolúvel problema de estimação que nos acompanha há algum tempo, ao corte definitivo, à uma necessária e inevitável amputação.
“E o resto é o resto, o sexo é o corte, o sexo”. O Estrangeiro (Caetano Veloso)