quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Ilustração: Dyna Vectors
Com o tempo, alguns aprendem um pouco mais sobre o amor romântico e num dado momento, se libertam serenamente da dependência dele.
Outros, descobrem quase tudo a respeito e simplesmente deixam de sentir necessidade de buscá-lo freneticamente.
Apenas uns poucos, por terem chegado a conhecer tudo é que conseguem a proeza de fazer ao mesmo tempo, as duas coisas.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ciclo é ciclo e ponto. Não é Da Vinci, Galileu, Newton nem Einstein. É ciclo e só. Não dá para saber se é roda cármica, calendário Maia, mega-sena, papillon, Mahabharata, carruagem de fogo, causa/efeito. Só se sabe que é cíclico. Não adianta contar números, medir ou tabular. Fazer cálculos é perda de tempo. Se olhar no espelho; perde tempo, se virar para trás; perde tempo, perde justamente aquilo para o qual não há refil, porque é circular, é randômico, é a deusa quântica do caos que nesse momento está conosco, mas não promete que sempre estará. É passar uma vida inteira assim, bem no centro daquilo que não se sabe, nem se saberá.

Fotos: InMagine


segunda-feira, 31 de janeiro de 2011


Foto e Photoshop: Dyt






















"Dentro da minha cabeça mora uma penca de gente. Que fala pela minha boca, subloca o meu pensamento. Faz o que bem entende. Penca de gente louca! Fico sentado na velha poltrona num canto da sala da casa da minha cabeça. Desembesta eu sou todo ouvidos! Empresto a minha fala pra ver o que esta gente pensa. Ninguém é um! Ninguém é um só! Dentro do meu pensamento, elenco: platéia seleta. Me acompanha e me completa, omelete de mil sabores! Atores de comédia como os três patetas! Ninguém é um. Ninguém é um só!"
Jean Garfunkel
Moro em mim num espaço onde só cabe o que concebo. Moro com meus distúrbios, meus solilóquios, meus horrores estimados, minha casta lascívia, minhas paixões petrificadas, meu medo de estimação e claro, com meu pau em riste, que é meu unicórnio! Habito em mim há tempos, num cômodo minúsculo, sem janelas para ventilar meus desejos, iluminado apenas pelo azul-fluorescente, pirilampeado dos meus constantes enganos.

[Minha Casa] É mais fácil cultuar os mortos que os vivos. Mais fácil viver de sombras que de sóis. É mais fácil mimeografar o passado que imprimir o futuro. Não quero ser triste como o poeta que envelhece lendo Maiakóvski na loja de conveniência. Não quero ser alegre como o cão que sai a passear com o seu dono alegre sob o sol de domingo. Nem quero ser estanque como quem constrói estradas e não anda. Quero no escuro como um cego tatear estrelas distraídas. Quero no escuro como um cego tatear estrelas distraídas. Amoras silvestres no passeio público. Amores secretos debaixo dos guarda-chuvas. Tempestades que não param. Pára-raios quem não tem, mesmo que não venha o trem, não posso parar. Vejo o mundo passar como passa uma escola de samba que atravessa! Pergunto onde estão teus tamborins? Sentado na porta de minha casa, a mesma e única casa. A casa onde eu sempre morei. [Zeca Baleiro]