Às vezes tenho um só desejo! Longo bocejo! PAZmaceira no Alentejo!
Linguagem que desnuda a vida
Há 2 meses
Tenho pedido a deus todos os dias que me livre da dolorosa sina dos poetas! É pesada demais! É o único tipo de morte que realmente me amedronta.
Todo mundo é menos maluco do que costuma forçar parecer que é. Na maioria dos casos, o surto é cena, blefe, pirraça, bravata ou pura fita. A raiva gerada pela constatação dos próprios fracassos e pela incapacidade de lidar com a frustração que costuma vir depois disto, pode parece loucura, mas só parece. Não é, porque da loucura não há volta! Demente que é demente não fica no quase, na ameaça! O Louco de pedra não reza, não conta até dez, não mede, nem treme. Pirado que é pirado vai e morde a pata do vira-lata, rasga dinheiro, discute em voz alta com Deus numa esquina entre a Angélica e a Paulista. Lesado que é lesado tira as calças e sai voando com asas abertas. Não asa qualquer, asas de mariposa negra da Nova Guiné. Já o lelé que é lelé jura que na sexta-feira passada, esteve com Nossa Senhora no balcão duma farmácia em Brás de Pina. Vinte e dois que é vinte e dois, mija fazendo chuveirinho par o alto na praça, não fica corado, nem cede um milímetro a ficar sem graça. Só não confunda um genuíno alucinado com um exibicionista se passando por inconsequente. Este último, espertamente dissimulado, se enquadra apropriadamente na categoria dos hábeis marqueteiros de si próprios.
Uma querida recém-divorciada, que hoje está na faixa dos cinquentinha e por enquanto, evitando novos candidatos, me mandou ontem o artigo, “O Marido como Capital”, da Mirian Goldemberg. Lembrei de uns anos atrás, quando éramos muito jovens, de ter comentado com ela que considerava o casamento tradicional, aquele que implica numa adesão aos tradicionais papeis de marido/esposa, um retrocesso, sobretudo, para mulher. Ela, recém-casada na época, discordou e disse que eu estava sendo ranzinza citando o já mofado e falacioso discurso feminista de mademoiselle Beauvoir. Talvez eu tenha usando sim um tom panfletário ao dizer isso. Hoje não sei se me sentiria à vontade em fezer tal comentário, não por ter mudado de opinião, mas porque percebo que para algumas pessoas faz sentido exibir à sociedade, um marido como um troféu, como um patrimônio desejado na disputadíssima na galeria do; “olha gente como eu sou feliz”, ainda que isso seja nos bastidores, o conhecido espetáculo; “não sou feliz, mas tenho marido”.