quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Confesso que foi duro pacas aprender a dancinha que as lindas e furiosas gêmeas ruivas fizeram em homenagem a si mesmas como um happening surpresa na festa aniversário delas no começo do ano. As aniversariantes eram adultas e o mais curioso é que além das crianças presentes, muito marmanjo também se interessou em aprender a dança da Lilo. Houve bastante esforço de uma das donas da festa para amolecer e fazer minha cintura seca pegar o rebolado.
Ontem à noite, enquanto esperava pela reprise do The Walking Dead, dei um play no trecho do vídeo postado no Youtube para ver novamente a havaianinha prosa dançando. Para minha surpresa, não esqueci os passos e digo mais, é simplesmente uma delícia duka dançar e cantar esse negócio!
Foi depois de assistir várias vezes à abertura do filme, que decidi colocar a Lilo na minha lista de hedonistas célebres. Notei a tendência dela para a doutrina, não pelo jeito distraído, meio atrapalhado ou improvisado de tentar fazer as coisas darem certo, mas pelo prazer que ela sente em desfrutar primeiro da vida e depois do resto. Entre o "compromisso étnico" com as aulas de dança havaiana, dar sanduíche para os peixes do coral e "pegar jacaré" numa ondona, ela prefere as duas últimas é claro! Mesmo percebendo que está bastante atrasada para o ensaio no centro comunitário, a moreninha do nariz de batata, ao dar de cara com um imenso gringo bicolor na praia, esquece por uns instantes a pressa, porque para ela, urgente mesmo é fazer a foto do homenzarrão vermelho e rosa, antes de continuar seguindo pelo caminho.
Será que é a mania de tirar de dentro da gente e não de fora, motivos tão triviais quanto realizáveis para se sentir satisfeito, que é o tal "estar de bem com a vida"? Sei lá! Pra quê serviria ficar filosofando em cima disso? Mahalo Lilo...mahalo!



A gente pode até achar que não, mas o importante mesmo, acontece é agora!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Até hoje, não tinha parado para medir a distância percorrida. Aqui tudo é muito vasto! Todo esse tempo olhei unicamente para frente, mantive os pensamentos cravados na rota. Depois de milhares de quilômetros em linha reta, tudo o que era familiar começou a mudar de tonalidade até assumir de vez a ausência de cores comum ao esquecimento. Nesse momento a sensação é de ser totalmente estrangeiro, um mouro rumo ao norte, muito além das terras de Espanha, muito além de todos os motivos que poderiam me fazer sentir saudade. Estou tão longe que somente agora é que me permito olhar para trás, sentar por um pouco no chão do salar e observar os raros contornos tremulantes da linha ilusória que costumamos chamar de horizonte. Não quero trégua, nunca quis. Quero apenas seguir.