sexta-feira, 5 de março de 2010

Fiquei hoje obsessivamente evitando não deixar de lembrar de alguém por quem perdi a sanidade durante sete horas, zanzando pelas ruas do Alto de Pinheiros até ficar exausto de felicidade. Naquele dia, ela me beijava com verdade e Neruda nos lábios enquanto eu achava que viveria eternamente impune depois disso. Ledo engano. É assustador como a sensação de felicidade pode ser brevíssima, muito mais até que um simples bacio.
Queria partir ainda esta noite numa espécie de grito, numa estrondosa vibração oitavada, uma onda sonora limpa, um disparo sônico suficientemente longo para me levar embora. Simplesmente viajar sem rumo , nem possibilidades de volta numa velocidade constante, intensa, onde qualquer lembrança que eu produzisse durante o percurso fosse ficando para trás quadrante após quadrante, onde nada quanticamente conhecido, pudesse ser capaz de me acompanhar.