sábado, 7 de agosto de 2010

Não acreditar em coisa alguma, principalmente naquilo que se vê, pode às vezes servir como dispositivo de segurança. Melhor ainda, quando intuitivamente não se sente essa obrigação. Ao contrário da boa disposição para crer, que pode significar a mesma coisa que ser destruído aos pedacinhos, duvidar cinicamente contribui para que se fique inteiro quando aquilo que guardou com tanto cuidado, finalmente se revelar uma manticora astutamente maquiada para se parecer com um poodle.
Talvez isso não te faça melhor, nem mais justo, talvez, apenas ajude a organizar melhor os riscos que se marca diariamente na parede branca, feitos à ponta de unha para contar o tempo já gasto nesse hospício, enquanto se espera pelo dia que deve finalmente nos deixar livres de tudo isso.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

É fato. Tô "in love" com o digital. Em pensar que houve uma época em que os amantes da estética dos fotógrafos (gênios do acetato) que trabalhavam para David Lean, Fellini, Kurosawa, Sergio Leone, Bergman e outros, torciam o nariz para os primeiros videomakers dos anos 80. Sem pretensão alguma de "imitar" uma linguagem moviemaker clássica,  “Pieces of April” (2003) é uma obra de arte em produção digital.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Acabei de acompanhar a edição dum material que foi feito ontem na Central e realmente estou de quatro pelo digital. Atualmente qualquer celular de 800 reais ou até mais barato, tem uma qualidade de definição beirando ao que se faz com uma Panavision digital de milhares de dólares, desculpem o exagero, na verdade quero dizer que não é o digital "full HD" o que me atrai é o contrário, é o basicão com “baixa” qualidade de definição gerando imagens “sujas”.
Em 2007 a Sandra Kogut conseguiu um resultado fantástico usando esse tipo de “rough” em “Mutum”. Em cima de um roteiro invejável, onde tudo ocorre somente pelas entrelinhas, com ótimos atores desconhecidos e uma fotografia crua, sem “make-up” ou firula, ela faz do filme, um quase documentário rolando pelos olhos de um menino, numa estória realmente surpreendente.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Hoje de manhã, dentro da Central do Brasil, tive uma experiência maravilhosa. Para todos os prognosticadores, profetas, videntes, bidus, gurus, visionários e demais arrogantes do “enxergar futuro”, ofereço-lhes um brinde pelo tiro fora! E salve o swing do Lenine!

domingo, 1 de agosto de 2010

Eis que agora à tarde tava "de boa", procurando alguma coisa pra rir e arrancar fora esse incômodo resíduo mofado de Nietsche que infecta meu cerebelo já há algum tempo, quando me deparo com o inusitado “CLUBE DA LUTA DA JANE AUSTEN”. Quase mijei na calça de tanto rir! O pior que não há como negar que duzentos anos depois de “Orgulho e Preconceito”, a servidão à passionalidade ainda comanda. Quer saber? Cruz credo!

foto: Corbis
Acaba que não se fala de outra coisa. O tema é mesmo recorrente. Dentro de cada um, inquietações! Tão compactadas que o cair de uma simples contrariedade nesse recipiente faz transbordar ações em pequenas comédias ou em grandes tragédias. Daí me pergunto_ será a passionalidade tudo o que realmente temos?_ Quando essa disposição Shakespereana explode em forma de medo, repulsa, desejo, ódio obsessivo ou apego possessivo, o que se pode de livre iniciativa fazer para manter algum controle sobre isso? Há séculos que se tenta reter esse quasar, seja rezando, exorcizando, conjurando, obrigando, institucionalizando, sacrificando, cobrindo ou desnudando o que é incompreensivelmente chamado de “nossas vergonhas”. Para tudo se tem um nome e um peso equivalente, uma nova pedra arremessada. Uma hora basta mentir para acreditar estar feliz num arremedo de paz e satisfação com nossos afetos, noutras, se espera uma vida inteira por algo que traga algum significado. Quando finalmente isso chega, dura muito menos do que se deseja, não supre nada e tem menos importância do que se pensava. Será que nessa vida besta itabirana, a servidão incondicional à passionalidade é a única coisa que realmente ainda nos cabe?