sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A cada manhã quando saltas da cama, inicia-se uma sequência de passos marcados, previamente estabelecidos para serem executados repetidamente num esquema do qual não há fuga. Por mais que penses estar variando ações por tomar rotas diferentes e assim sendo levado a crer que estás alterando o teu caminho mais a frente, nada muda nesta trajetória insana que te conduz obedientemente, vez após vez, sempre ao mesmo lugar...


la vie est un déjà vu

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

E ele disse_ Cê tá de sacanagem! Finalmente sacou que por baixo do meu saiote inofensivo de senhor respeitável, havia um pirata! Nem mesmo a barba grisalha espetada de dias sem fazer e as grandes olheiras de panda, conseguiram fazê-lo acreditar que guardo no bolso uma bandeira negra com crânio cinzento e duas tíbias cruzadas. Acho que não esperava que revelasse meu cínico descaso por algumas coisas que o século XX costumava cultuar como valor durável e que hoje as vejo virando sabão em pó escorrendo pelo ralo.
Quando me perguntou se eu não tinha medo destas coisas se perderem pra sempre num mundo cada dia mais líquido, respondi que já tive sim esse medo, já quis que durassem pra sempre, mas hoje não importava mais, afinal, diluir é uma das funções do tempo e na prática, quase tudo já havia mesmo se perdido há tempos. Talvez seja boa coisa aceitar que elas ficarão melhor em seus túmulos digitais, arquivadas sem empoeirar, diagramadas nos verbetes linkados na Wikipédia.



"Eu quero mais erosão, menos granito, namorar o zero e o não"

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ela foi mortalmente direta como um kamikaze! “Todo namorado é basicamente um calçado, que no começo se curte ainda na vitrine, experimenta e fica logo saltitante! Depois leva pra casa, mostra pras amigas, sente um tesãozinho gostoso toda vez que calça, cuida direitinho pra ele não gastar muito rápido e durante isso que chamamos de início, nos sentimos felizes da vida! Mas, com o tempo começamos inevitavelmente a enjoar dele até que de repente, numa outra vitrine pinta um outro. Aos poucos passamos a sair menos com o antigo até que o descartamos de vez quando conveniente, mas caso haja um vínculo afetivo mais forte, o deixamos quietinho na caixa para ser usado ocasionalmente, sem abrir mão, é claro, de sair com novos modelos recém adquiridos. Numa base real, a diferença entre um namorado e um calçado é que em vez de só a gente enjoar dele com o passar do tempo, existe a possibilidade dele também enjoar da gente, quem sabe, até por conta das idas e vindas que faz secretamente nos pés de outras.”

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Por hoje basta de caos, basta de tentar entender, basta de perguntas. Por hoje basta de procurar respostas. Tentarei andar na calmaria dos dopados com palavras de esperança, olhar o dia sem guardar rancor, pensar um pouco antes de falar, comer mais devagar, reduzir o sal, pegar um pouco de sol pela manhã, vestir branco nas sextas-feira, dançar sem música, administrar melhor o meu humor, falar menos, ouvir mais, deixar de lado a mania de dar conselhos, não acreditar em promessas, não ter vergonha de ser egoísta, ter mais coragem para dizer_ não quero! Justificar menos os meus desejos, mas principalmente, aceitar que as coisas que mais desejo que durem, irão durar bem menos do que desejo.


Eu também finjo ter paciência!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sinceramente, a postura fria e distante que alguns fãs do Robert Crumb, reclamaram durante a Flip, não me afetou nem um pouco. Gosto do trabalho dele, como o de muitos artistas, mas isso não significa esquecer que fora o fato de serem talentosos, são na maioria dos casos, cheios de esquisitices e grilos como o resto da humanidade.


“Fritz the Cat" é o alterego mais conhecido do Crumb.

domingo, 8 de agosto de 2010

De que adianta eu ficar te contando por alto quem eu sou e você ficar me falando por baixo o que você quer? Uma hora a gente chega à última posição desse Kama Sutra e a única coisa que nos restará é ficar repetindo tudo o que já se conhece.
 
Depois do “expediente” na gráfica da Firjan, onde formalizou-se uma troca de informações para produção de um projeto gráfico, o que ficou foi uma pequena roda de pessoas da agência e da própria gráfica, em torno de uma sequência randômica do produto retinto duma cafeteira elétrica. Enquanto éramos sorrisos de aprovação por conta do projeto, aproveitei para provocar um pouco e perguntei ao gerente da gráfica (em torno de 48/50 anos) se eles já estavam se preparando para o fim do papel. Ele ficou perplexo! Parecia que tinha tomado uma porrada bem no meio do nariz. Depois disso, passou a comentar que isso não ia ser assim tão rápido, que o papel é parte de uma cultura universal e que as pessoas não iriam abrir mão disso assim. Coitado! Também já cultuei o papel, mas não consigo lamentar a morte dele. Sim, o papel morreu, só falta mesmo é enterrar! Ler um livro, um jornal ou uma revista num tablet deverá ser muito em breve apenas uma questão de costume.