sexta-feira, 15 de abril de 2011

Há certa plenitude ao chegar num estágio em que se começa saber como elevar seus próprios índices de satisfação sem se tornar escravo de vícios ou refém de fatores externos. Quem sabe até, extraindo alegria de lugares dentro você próprio, que antes pensasse que fosse impossível extraí-la. Quando não há mais nenhuma dependência por aguardar algum sentimento que venha de alguém de fora, você mesmo acaba produzindo os motivos necessários para afastar os móveis, botar uma música qualquer para tocar e dançar sozinho, até que esteja plenamente satisfeito.




“Raramente uso na mesma frase as palavras: amor e felicidade. Não faço isso por descrença, mas por praticidade, por ter finalmente entendido que são palavras carentes de uma definição precisa e que talvez por isso mesmo, sejam usadas tanto precipitadamente, quanto fora de contexto.”

Keiko
(A Chama Azul do Santuário)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Nesta madrugada sonhei que comia a Diablo Cody numa mesa de sinuca. Num veludo azul onírico, isso não significa necessariamente que nos sub[metíamos] às 101 posições do Kama Sutra para no final extrair de todo esse esforço, míseros 30 segundos de [in]satisfação. No meu sonho, trepar com a Cody era um clipping nonsense, sonoro, colorido-psicodélico e editável, que podia ser nitidamente observado pelo movimento rápido dos meus olhos.
Havia uma imensa jukebox vermelha em chamas tocando “Maria” do Blondie. Também estava lá a Betty Page de batom carmim, corpete de vinil e salto 20 com meia dúzia de marinheiros em volta dela.
Julgando pelos arcos iluminados do aqueduto, o lugar parecia um boteco enfumaçado na Lavradio, cheio de putas e marginais da Lapa dos anos 30 que curtiam várias rodadas de pôquer com a tripulação da Enterprise.
O cara de linho branco e panamá que havia me dado um havana, alternava aparência entre Wilson Grey e Max Overseas! Ou seria Freddie Mercury? Sei lá, não lembro muita coisa, apenas que no sonho, a Diablo Cody me comia em cima duma mesa sinuca entre goles de absinto e grandes nacos de carne arrancados com dentes de porcelana. Nas costas nuas dela, duas tatoos coloridas que pareciam animadas em flash, uma era a Virgem de Gadalupe ardendo como anima sola, a outra, Mao dando um beijo na boca do Godzilla.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Quer se perceba ou não, chega uma hora que começamos a ficar mesmo repetitivos e em diversas situações como relações amorosas, profissionais, no que se faz ou no que se diz, há sempre o risco de ficar orbitando em torno daquilo que cultuamos como valores, temores, certezas ou esperanças. Por mais que não se queira cair na esteira da repetição e por mais que se tente inovar a cada segundo, parece não haver jeito, uma coisa ou outra começa a se tornar recorrente demais. Não que isso seja necessariamente ruim, se não for algo obsessivo. A escritora Elisa Lucinda tem até um monologo falando sobre de tentar olhar a temida rotina sob uma nova perspectiva, que é uma ideia defendida por muitos. Lógico, é preciso aceitar também que nem todo mundo deseja isso. Ao passo que alguns para minimizar o cansaço de ficarem ligados numa busca sem fim por alguma coisa nova, reduzem o tamanho do seu universo e passam a se repetir sem culpa, outros sentem necessidade de viverem periodicamente em função dessa procura por algo que ainda não descobriram o que é. Acredita-se que pessoas assim costumam se entediar com facilidade com suas conquistas e aquisições, tornando-se com a mesma facilidade, angustiadas e insatisfeitas.



Difícil dizer se essa busca constante supre ou não cada indivíduo. Pode ser que seja apenas um jeito encontrado para se conseguir viver com o fato de que no fundo, nada é totalmente novo e ainda que seja, é possível que não mude muita coisa naquilo que precisamos para nos sentir supridos. Mesmo para os que conseguem se tornar centenários ainda ativos, sabemos que uma boa parte do conteúdo desse tempo de vida foi gasto somente com repetições, mesmo quando o rótulo sugeria aqui ou ali alguma novidade.