quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Antes de adormecer profundamente, percebi quando ele se ajoelhou e chegou o rosto bem perto do meu travesseiro. Assim que percebeu que eu não ia mais voltar a dormir, se afastou e acendeu a luz. Depois puxou uma cadeira, sentou ao lado da cama e começou a reclamar de algumas coisas que ele mesmo havia falado no conto Nº 16. Refeito do susto, levantei, vesti uma bermuda e me sentei na cama. Ele me olhava como se estivesse esperando uma justificativa. Calmamente, eu disse que não sou responsável pelo que meus personagens falam e nem me dou ao trabalho de julgá-los por aquilo que aprovam ou desaprovam. Sequer os conheço, não sei do passado deles, nem do presente. Sendo assim, tão pouco me interessa qual será o futuro deles! Tem sido assim já há alguns anos, sempre que interrompo uma história pelo meio, percebo que alguns deles ficam me espreitando, mas nenhum até hoje, apareceu para reclamar. Percebo que alguns, por alguma razão, me amam, como igualmente percebo os que me odeiam sem que eu saiba também o porquê, mas estou certo de que a maioria deles não sente nada por mim e confesso_não sinto por eles coisa alguma. O distanciamento é tanto que de alguns, nem sequer o nome eu sei. Falo que são “meus” apenas por uma questão de semântica, pois na verdade, não os possuo. Eles não existem porque eu existo, não são parte de mim, nem são o que parecem para me agradar. Não são meus filhos, nem meus amigos, nem tem comigo algum parentesco. Não são movidos pelo que sinto, penso ou acredito. Eu não os controlo, apenas os ouço e registro em texto tudo aquilo que eles mesmos querem que os outros saibam.

Um comentário:

Camilla Dias Domingues disse...

tá inspirado hein nego!!! rs!
é uma postagem atrás da outra... é isso aí, liberdade de expressão, liberdade de escrita!!!

evoé!