quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Dia desses, tava pensando no preço que cada coisa tem na vida que levamos. Não tô falando figurativamente não, falo do valor monetário que a nossa existência aqui obrigatoriamente precisa ter. Nossa risada de alegria num churrasco de família com filhos, netos e uma latinha de Skol, nossa pele saudável banhada em Natura, nossa transa monogâmica quase segura, noivado com champanhe, desculpas, divorcio, plano de saúde. Nosso conhaque, cigarro, Halls, mentiras de amor, a falsa sensação de segurança, uma boa noite ao porteiro atento na entrada no edifício, Danoninho na porta da Brastemp, a tintura do cabelo, uma rodela de abacaxi, morango com chantili, nossas olheiras, pastel no Villa Lobos, o boleto da tevê a cabo, banda larga de 1GB, cesta básica. O medo de perder o emprego, o nosso dízimo, o pacote de carefree, o dinheiro pro busão, nossas escolhas entre uma rasteirinha e um scarpin, camisa pólo ou minissaia, escola pública, escola particular, quinze reais de credito do pré-pago, a próxima troca de óleo. É o acesso a percepção duma realidade cidadã, a lógica da normalidade que acaba fazendo a diferença entre a invisibilidade do mendigo e o respeitável cristão contribuinte, entre ser bem servido num restaurante ou evitado como dejeto numa calçada do baixo Leblon. Mesmo no fim, quando deveríamos já ter aprendido que tudo é a mesma coisa quando se chega no fim, ainda há o caixão de mogno e o de cedrinho. De vez em quando aparece um “filosofo da vida simples” tentando reduzir o impacto feroz e impiedoso que a ausência de grana exerce sobre o nosso equilíbrio mental numa pressurizada célula urbana competitiva e tendenciosa como o Rio ou Sampa. Quase sempre é alguém que seja por conta própria ou sustentado comodamente por contribuições de outros, não tem preocupações com o pagamento do aluguel no final do mês. Assim fica fácil ser Dalai. Toda produção industrial que bem nos serve e que nos mantém belos, calmos, inteligentes, limpos, lúcidos ou que tenta manter sob controle nossa loucura diária, custa alguma coisa... seja no cartão, cheque ou em dinheiro... é claro.

2 comentários:

Camilla Dias Domingues disse...

o que siginifica PES que vc postou no meu blog? (a mesma pergunta fiz embaixo do seu comentário, então por favor responda lá no meu blog. rsrs...)
se for algo relacionado a coincidência, pensamento igual (aquele lance de "falamos juntos"), premunição eu diria que nosso CORTÉX está aguçado!!! rsrs!

Camilla Dias Domingues disse...

uma pérola pra vc:

"dinheiro é coisa do capital."