sexta-feira, 2 de julho de 2010

“Quanto mais se julga, menos se ama”
Balzac
Todos nascem nus em pele e pêlos! É depois que se ganha nome, um serial de números que irão mudando à medida que o tempo passa. Também se ganha uma identidade, ou seja, uma versão familiar de sua origem e a obrigação (exceto alguns que tiveram essa parte tirada deles) de se orgulhar dela. Como pode ver, catalogar é o que fazemos melhor. A segunda coisa que fazemos muito bem é inventar motivos. Estas duas coisas levam a uma terceira que não importando se bem ou mal feita, é feita com regularidade quando se busca aproximar ao máximo do considerado familiar e se distanciar nem que seja o mínimo daquilo que se julga não-familiar.
Em um nível afetivo, quando se cataloga e inventa motivos envolvendo pessoas, o familiar pode ser o belo segundo um padrão particular, o certo, o cult, o limpo, o superior, o civilizado, o justo, o aceitável, portanto, o desejável. O não-familiar costuma ser visto como o oposto disso.
O problema é quando se vive num meio multicultural,  onde é necessário aplicar algum tipo de pré-julgamento para se determinar o que é familiar e o que não é. Uma vez feito, o que não faltam são motivos para se tomar discretas decisões catalogadas, com reacões um tanto “istas”, às vezes “óginas”, outras “óbicas” e até mesmo, “tistas”. Difícil mesmo é achar quem não ceda a alguma forma de redução ao entrar nisso e se for mesmo, talvez nada seja assim tão simplista quanto aparenta ser nesta crônica.

4 comentários:

Camilla Dias Domingues disse...

eu, você, o ser humano adoram justificativas... justificativa para dizer quem é, porque se é assim, porque existem as porras dos números, até porque amamos.

GIL ROSZA disse...

hahahaha... parece que ninguém escapa mesmo! até tenta...

Caderninho Roxo disse...

bom, isto é fato. somos mestres em catalogar...mas uma coisa que tenho reparado ultimamente é como esta origem familiar é tão importante na sociedade em que vivo...tipo, fulano não pode ser só fulano, é fulano, filho de ciclano e ciclana, que são da família xyz, tradicional no meio wsx...nossa, isso é demais, falta algo mais, um olhar além disso...

GIL ROSZA disse...

sei como é. é o lance do pedigreé. mas num país mulato como o brasil, falar em genealogia chega a ser hilário.

tem um depoimento do chico buarque mto legal sobre isso aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=sD2sjAw9mlM