domingo, 13 de junho de 2010

Fui menino numa época que o erotismo editorial para as massas no Brasil, era Carlos Zéfiro, cara que o traço hoje é considerado cult e está na capa do Barulhinho Bom da Marisa Monte. Era um período de repressão sexual tão forte, que se a polícia flagrasse um jornaleiro vendendo os "catecismos", como eram chamadas as revistinhas de sexo explicito do Zéfiro, o coitado ia até preso como contraventor. O próprio zéfiro produzia toda aquela maravilhosa obra de arte na clandestinidade, vendendo o material para editores espertalhões por uma mixaria e morreu na miséria por conta disso. Quando acabou a censura moralista e revistas como Lui, Ele & Ela, mais tarde a revista Homem (que virou depois a Playboy brasileira) começaram a publicar mulheres nuas de pernas abertas (o regime militar proibia fotos de nudez com modelos de pernas abertas), a garotada de palma da mão peluda, foi literalmente ao delírio.
Com a chegada da internet, a nudez e o sexo assumiram proporções jamais vistas no tempo em que as pin-ups de off-set eram escondidas estrategicamente debaixo do colchão. Hoje em dia, conta-se com tamanha variedade e especificação que a demanda precisou ser catalogada e subdivida por categoria. A internet também ajudou a derrubar a falácia de que sacanagem é uma coisa e erotismo é outra, que uma é mais aceitável do que a outra ou ainda, que uma é arte e a outra é lixo. O corpo de adultos sem roupas seja pela lente do premiado J.R. Duran ou por uma lente anônima, serve apenas a um mesmo propósito, ao estímulo com fins onânicos e ponto final. Discutir isso apenas redunda a bunda, pois tentar moralizar ou desmoralizar o exibicionismo voluntário de adultos que são muitas vezes, bem pagos para fazerem isso, não só é inútil como dependendo do púlpito, hipócrita.
Discussões a parte, percebo que meu olhar tem estado menos inclinado ao voyeurismo nos últimos anos. Talvez o excesso de material disponível, esteja me causando certo enfado, devido a uma espécie de "samba de uma nota só" que é essa repetição sem variações do mesmo tema. Reconheço que certos trabalhos são sofisticadíssimos com o do Vlad Gansovsky ou para quem como eu, não curte muito "divas" e prefere particularmente o estilo sexy-ugly de gente comum, pessoas imperfeitas em estrias, pintas, papada, gorduras, manchas, cicatrizes, espinhas, celulite, tudo isso sem um pingo dessa babaquice irritante chamada Photoshop, há inúmeros sites especializados. É possível também que a causa do meu atual estágio seja a frustrante extinção do meu desejado projeto tântrico (tantra é mais que apenas sexo) e com isso, seja em pixels ou em epiderme, tenho insistido em ver nas raparigas do além-mar, menos mesa para banquete e mais leito sob lençóis de linho. Um lugar que quando chego do cansaço de viver (e acreditem; estou mesmo cansado disso), deito, me cubro e durmo, desejando muito mais um longo sono tranquilo com direito a sonho bom, que um obrigatório, brevíssimo e com o tempo, entediante orgasmo.

4 comentários:

Camilla Dias Domingues disse...

gostei da foto...

GIL ROSZA disse...

tbm achei. gosto mto do trabalho do Gansovsky.

Camilla Dias Domingues disse...

o nome dele é melhor ainda!
kkkkkkkkkk...

GIL ROSZA disse...

hahahaha, tdo a ver né?