quarta-feira, 16 de junho de 2010

Um aspirante a Ghost se tiver certa manha, não teria dificuldade alguma para em poucas linhas, fazer uma superação de mazelas parecer fácil como transformar o azedume particular de um borderliner numa caipirinha comunitária. Os ingredientes são fáceis de achar; meia dúzia de frases feitas, analogias, metáforas, hipérboles e quando fosse conveniente, uma pitada de eufemismo. Para fechar em tom messiânico; paráfrases, falácias e afirmações categóricas sobre a vida ser isso ou aquilo. Para algo pseudoquântico, meta o universo no meio e diga por exemplo que ele tem uma teoria da conspiração a favor de todos nós, que sentando à beira do Ganges, o pensamento está destinado a cruzar o Himalaia.
Caso precise de um tutorial, digite no Google; Castañeda, Coelho, Rampa. Exceto o Coelho, dos outros dois, quase ninguém se lembra. Se quiser algo supremo, beba de tudo que estiver minando de Buda, Cristo ou Maomé, mas se for rolar um zen-pop, plagie Chopra, distorça Osho, recicle Harrison. O editor quer lombada grossa? Seja prolixo, nesse caso, cantarole Veloso, discurse Gil, assovie Lulu e jamais tente ir sozinho atrás de algum Buarque, é mais difícil do que parece. Vai construir e depois derrubar? Rita e Raul. Necessita de sustentação acadêmica? Rosne Foucault, receite Jung, psicografe Lacan. Se for grana; Lair Ribeiro. Genialidade; use o Machado. Para descer como Jó ao profundo; mergulhe em Lispector e depois saia na terceira margem do Rosa. Figuras notáveis, pouco citadas? Pegue Gandhi, Mandela. Agora cuidado! Passe longe de poesia. Não se meta com poetas. Para falar a verdade, poesia não serve como autoajuda. É mais fácil um heterônimo te convencer a pular no Tejo que se ajoelhar em Fátima. Bulir com poesia é perigoso e costuma até piorar o problema, pois poeta que é poeta, é isso aí que todo mundo sabe _ só serve mesmo para virar gauche na vida.

4 comentários:

Camilla Dias Domingues disse...

passei por todos esses exceto dois ou três que vc sitou!
(rs!)
e as poesias, porra as poesias!
mierda! kkkk...

GIL ROSZA disse...

rsrsrs o aviso se faz necessário; cuidado com poetas!

Unknown disse...

Oi garoto! inda tenho aqueles poemas do pepelzinho amarelo que me deu na epoca da UBM. Pq não publica aqui? Ainda escreve poesia?

GIL ROSZA disse...

hum... parei dani... poetas mortos, porque tão mortos, nao escrevem poemas, mas continuo curtindo poesia. é vício.