sexta-feira, 16 de julho de 2010

Quando ainda tinha Orkut, entrei certa vez, numa comuna chamada “bonzinho só se fode”! Na época rolei de rir com aquilo, porque a expressão contraria a formação cristã usada anos atrás para adestrar crianças a se tornarem obedientes e de modo subliminar, as incentivava ao autosacrifício em nome de pequenas virtudes, com a promessa de se alcançar com isso, alguma boa recompensa no futuro. Há muita nobreza nisso e certamente não conheço nada mais genuinamente romântico! Pena que hoje em dia, na prática, o que mais se vê são os românticos cada vez mais se fodendo de graça ou quando pagos, são muito mal pagos.
Alguém se torna “bonzinho” quando não consegue perceber a diferença entre ser babaca de carteirinha, naif, e tentar ser bom cidadão, legal, razoável, honesto, correto e do bem. Ser “bonzinho”, no geral, é ser crédulo, ingênuo, passar atestado, é estar alegremente disponível quando alguém precisa de um otário pra servir de bucha, para dar a vida de graça numa roubada em que todos estão espertamente ganhando alguma coisa, é não sacar quando um egoísta o usa como brinquedo emocional para matar o tédio, se saciar temporariamente de alguma forma, antes de descartá-lo, demiti-lo, substituí-lo sem o mínimo sinal de consideração. É quando se vira um Cristo preto risonho que da primeira fila, solicito e bem disposto, se oferece gratuitamente como dócil montaria. E assim fica o “bonzinho”, tomando a seco, sem vaselina, enquanto espera uma vaga celeste, uma passagem para o nirvana. Assim vai a boa moça e o bom rapaz, como um Agnus Dei que crê piamente que há mesmo neste mundo, um bom lugar para “bonzinhos”.

3 comentários:

Camilla Dias Domingues disse...

eu não sou meiga, nem boazinha e nem fotogênica... rs... sou justa e existe grande diferença nisso. Essa coisa romantizada do bom/bem e a emdiabrada do mau/mal estão fora de moda, demodê... construção do homem para homem com fins para a dominação.

GIL ROSZA disse...

ah sim! pra quem sabe subjetivar é moleza não embarcar, mas no geral, o conceito é bastante reciclável, tem sido assim, desde a bíblia até janete clair. o maniqueísmo sempre foi de fácil digestão!
avatar é uma prova (recente) de que o maniqueísmo é bem aceito e ainda por cima, vende bilhoes.

Unknown disse...

Hum. Eu não vi o bonzinho nesse post no esquema maniqueísta de ser, mas no “eu acredito na humanidade” e nesse caso, tem mais é que se fuder mesmo! Kkkkkkk...