segunda-feira, 7 de junho de 2010

Ontem à noite ele tava meio fora do rumo. Ele tava estranho. Ele que só veste preto botou camisa vermelha e partiu sozinho pras quebradas. Ele que raramente usa cítrico, irradiava menta e solarium. Ele tava estranho. Tava numa rinha larga de areia grossa. Ele era dente rangendo, era um corisco. Ele que só se reconhecia quando o chamavam de imperador da calçada. Ele que caminha, ontem sambava. Justo ele, o pai dos precavidos, ontem zanzava distraído pela Riachuelo como mais um filho da Lapa. Ontem ele tava estranho, ele não tava em casa. Então, repentinamente, ele não quis mais beber sereno, botou chapéu de aba quebrada e saiu de braço com a de vestido colado. Com isso, a noite que não tinha mais outro compromisso, foi junto com ele, tão logo virou madrugada.
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A vida até parece uma festa. Em certas horas isso é o que nos resta. Não se esquece o preço que ela cobra. Em certas horas isso é o que nos sobra. Ficar frágil feito uma criança, só por medo ou por insegurança. Ficar bem ou mal acompanhado, não importa se der tudo errado. Às vezes qualquer um, faz qualquer coisa por sexo, drogas e diversão. Tudo isso, às vezes só aumenta a angústia e a insatisfação. Às vezes qualquer um enche a cabeça de álcool, atrás de distração, mas eu digo: nada disso, às vezes diminui a dor e a solidão. Tudo isso, ás vezes tudo é fútil. Ficar fébrio atrás de diversão, nada disso, às vezes nada importa, ficar sóbrio não é solução. Diversão; é solução sim. Diversão; solução prá mim.
                                                                                                                
(Nando Reis e Sergio Britto)


3 comentários:

MN disse...
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