quarta-feira, 28 de outubro de 2009


Uma amiga querida que atualmente está morando fora, comentou num email que meus posts sobre o amor estão ultimamente com uma intrigante “textura amarga e negativa” bem diferente do que havia em meu antigo blog. Ao responder, expliquei que não tenho postado mais sobre o amor e que quando pareço estar falando sobre ele, na verdade, falo apenas sobre relacionamentos. Amor e relação, quase sempre são objetos de grande confusão em razão da proximidade que uma coisa existe da outra. Tenho evitado ultimamente escrever sobre o amor por causa da complexidade contida no tema e também porque tenho medo de ficar afirmando que ele é isso ou aquilo me baseando apenas nas minhas experiências pessoais. Diferente do que escrevia no meu antigo blog, hoje tenho procurado ver o amor como um forte sentimento, tão básico quanto a dor, o nojo, alegria, prazer, ódio e tão conceitual quanto é a felicidade.
Vivemos sob regras num imenso grupo social e devido a representação de papéis que nos prende numa necessidade de manter uma aparência, não somos livres, mas nossos sentimentos são, e por serem, não costumam se sujeitar às definições que usamos na literatura para tentar descrevê-los, muito menos aos recursos legais que criamos para tentar obter controle sobre eles. Por isso mesmo, tenho me achado menos ingênuo ao optar por escrever sobre relacionamentos em vez de falar sobre amor romântico idealizado como uma divindade absoluta responsável por nos satisfazer naquilo que cada um define individualmente como felicidade.
Considero que às vezes faço sim uma abordagem um pouco mais ácida ao tentar ser no mínimo realista sobre os encontros afetivos entre duas pessoas. É dentro dos relacionamentos que se vive diariamente a parte real da coisa quando se decide fechar um pacto de convivência com alguém. Nesse caso, os relacionamentos agem como uma represa construída para tentar manter nossas paixões sob controle e como somos imprevisíveis, inquietos, mutantes, em algum momento dentro dessa barragem, as constantes tensões, pressões, conflitos e questionamentos pessoais, podem criar rachaduras e fazer ruir aquilo que ambos julgavam à prova de águas turbulentas. Às vezes, eu simplesmente decido escrever sobre isso; o transbordar.

3 comentários:

Camilla Dias Domingues disse...

estou deveras sem palavras!!!!!
de verdade, não sei o que dizer...

GIL ROSZA disse...

não tem como entrar numa relação sem pagar um tributo caro e sair dela ileso. o problema não é o amor. amar não dói. o amor nunca fere. a dor e as feridas vem do nosso apego, das coisas que a gente faz para prender alguém benefício próprio, do que fazemos para garantir a nossa posse sobre o ente amado. a sangria só vem depois... quando o nosso ex-cativo nos diz que a hora é de separação.

Thaissa Costa disse...

Meu primeiro chefe, na Viz da Cidade, me dizia a seguinte frase: "Papel aceita tudo". Atualizando...a tela do pc tbm...Acho que quem tem o dom da escrita deve mesmo escrever o que pensa e sente e nem sempre isso vai agradar a todos. E que bom que não agrada, pois críticas nos fazem refletir. O interessante é como conseguimos transmitir a mensagem e como algumas pessoas a recebem. Falar de amor e vivenciar o amor não é fácil. Mas teria graça se fosse? Não seria amor se fosse fácil!