sexta-feira, 20 de maio de 2011

Boa parte do que pode ser considerado fator de identificação social, vem do que é percebido e aceito coletivamente como realidade. No geral, poucos conhecem a fundo a origem de suas próprias convicções. Para tais, estas certezas se baseiam na tradição oral ou escrita (códice), que são registros antigos daquilo que se imaginou ter visto, percebido, ouvido, tocado ou sentido como resultado do que foi transmitido culturalmente através dos séculos por antepassados.
Isto quase sempre produz uma sensação de segurança e significado devido ao apego àquilo que cada indivíduo considera como razoavelmente explicável ou satisfatóriamente inexplicável. Jung acreditava que esse forte laço passional a uma doutrina, é motivado pela sensação de impotência em lidar com o luto, com a vulnerabilidade e desamparo quando se lida com a iminência da morte. É possível que também venha dessa experiência, as razões usadas para administrar o que é considerado real ou surreal.



Há muito tempo no passado, durante a organização daquilo que seria mais tarde conhecido por consciência, nossa espécie imprimiu nas paredes de algumas cavernas escuras, os primeiros documentos de como o mundo natural (real), se mistura ao que se "vê" nos sonhos (surreal), resultando nas primeiras noções de sobrenatural que serviria de base para a maioria dos conceitos religiosos adotados hoje como realidade.
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No documentário A Caverna dos Sonhos Esquecidos, o diretor alemão Werner Herzog deixa claro que a criatividade é o maior e mais valioso legado humano.

4 comentários:

CAROLINA BERNARDES disse...

Uma de nossas convicções culturais é separar o mundo real do sobrenatural, como coisas estanques, uma palpável, perceptível pelos cinco sentidos, outra envolta nas brumas do pensamento, do sonho, da imaginação. O "segundo" mundo é culturalmente relegado à mera idealização e as pessoas que a ele se dedicam são as sem-razão. A racionalidade humana se restringe aos cinco sentidos; o que pode ser apreendido por sentidos mais sutis é considerado imaturidade do ser pensante... Obrigada por compartilhar mais uma linda reflexão!

GIL ROSZA disse...

Até os dias de hoje em cada cultura antiga, os xamãs continuam sendo os únicos guardiães do “portal” entre os dois mundos.

=(0y0)=

CAROLINA BERNARDES disse...

Só os xamãs têm a chave desse portal? Na verdade, será que existe mesmo um portal de separação entre os mundos? Como "pensadora imatura", mergulhada em brumas de avalon, entendo que os dois universos estão juntos, aqui e agora,sem portais, sem sacerdotisas para diluir as brumas...

GIL ROSZA disse...

É possível que a existência das coisas não seja determinada pela materialidade ou imaterialidade delas, mas pela consciência de si próprio em relação a elas. Se for assim, o consciente ou inconsciente se tornam apenas maneiras da mente funcionar e o sono, o sonho, o transe, a oração, o devaneio, o delírio, a esquizofrenia, o Daime ou o LSD, talvez possam ser vistos como “portas” ou “portais” de acesso ao real ou ao surreal. É nesse sentido que os xamãs se tornam guardiãs. Não por terem a chave que permite entrar ou sair, mas por guardarem essa possibilidade através de registros orais ou escritos.