sábado, 21 de maio de 2011

Fim de noite na ilha caribenha. Não se pode chamar apropriadamente de festa o ruidoso evento em andamento no quinto andar do Ambos Mundos. Mesmo que uma parte do que é comumente servido em festas esteja circulando livremente sobre bandejas reluzentes, a melhor definição para o que acontece neste exato momento no quarto 511 é: um encontro particular entre amigos, mas com a presença de convidados desconhecidos que não se importavam nem um pouco em receber dinheiro para estarem ali. O motivo não poderia ser mais apropriado: uma despedida. Não que alguém estivesse de partida para algum lugar distante, haveria apenas uma mudança de endereço dentro da mesma cidade. Por sete anos, o ilustre gringo velho que até esta noite, vinha ocupando o quarto, havia passado aqui, alguns dos melhores anos de sua vida, sendo que esta é a última noite dele no hotel pintado de rosa-flamingo.
Enquanto Bandeira pega seu Panamá e sai discretamente do quarto acompanhando o belo marinheiro catalão que acabara de conhecer, o velho gringo dança vacilante um tango silencioso com uma jovem nua chamada Dolores. Aproveito a distração dele para ler a capa do calhamaço datilografado em uma Hermes Cursiva preta, que estava sobre a escrivaninha. For Whom The Bell tolls, era o que aparecia centralizado em caixa alta na folha de rosto. Fiquei bastante curioso em saber quem poderia ser o merecedor da reverência do sino, mas a minha atenção começou a ser roubada por outra Dolores, uma que estava me dando entre outras coisas, um sorriso iluminado, um beijo nos lábios e um copo de absinto.

Um comentário:

Anônimo disse...

O seu grau de surrealismo é altíssimo!
# Supernova