quarta-feira, 30 de março de 2011

Nem sempre é fácil falar sobre os frutos colhidos do acúmulo de anos que faz  as costas encurvarem, sem ficar pretensiosamente parecido com um mestre tibetano, um Yoda de 600 anos, dotado de uma fonte interior inesgotável de sabedoria, serenidade e equilíbrio. Já para os que querem evitar essa pretensão ao falar desses anos, é necessário reconhecer primeiro que o aprendizado pessoal, por mais promissor que tenha sido, se baseia numa experiência particular produzida por inúmeras tentativas desesperadas de corrigir os próprios erros e que tal conhecimento adquirido, por mais valioso que seja, pode não se encaixar muito bem na visão que outros tem sobre seus próprios problemas.
É preciso admitir quão tentador é se fazer passar por um monge zen de espírito centrado, conselheiro amável, possuidor de todas as virtudes do mundo, quando na verdade, debaixo de toda esta aparente paz, existe apenas uma alma cheia de cicatrizes com algumas lembranças esmaecidas, que toda noite se projetam no teto sobre a cama e teimam em não desaparecer completamente.



Domingos de Oliveira dirige e interpreta o próprio texto com o prazer de quem degusta uma iguaria rara.

2 comentários:

Unknown disse...

Gil, esse filme do Domingos é show! O poema dele então nem se fala! Lembra quando a gente foi ver aquele teu amigo tocar no Jobi e ele tava lá com a Priscilla?

Giovana disse...

Pois é justamente desta inquietude que se formam os gênios.