domingo, 18 de outubro de 2009

"Fácil é ver que o amor é uma paixão. Isso porque angústia nenhuma é maior que a provocada por ele, pois o enamorado está sempre no temor de que sua paixão não atinja o resultado desejado e de que seus esforços sejam baldados. Teme também o falatório da multidão e tudo o que, de uma maneira ou de outra, possa prejudicar seu amor, pois é bem freqüente que uma perturbação mínima impeça de levar a bom termo o que se ia consumar. Se o enamorado é pobre, teme que a amada vilipendie sua penúria; se é feio, teme que ela despreze seu físico ingrato ou que procure o amor de alguém mais belo; se é rico, teme que sua passada parcimônia acabe por reverter em prejuízo; e, para dizer a verdade, não há ninguém que possa contar em minúcias os temores do enamorado. Essa espécie de amor é, pois, uma paixão não-recíproca que se pode chamar de "amor singular". Mas, uma vez correspondido o amor, as angústias que surgem não são menores; porque cada um dos dois amantes teme perder, pela ação de um terceiro, aquilo que conquistou com tanto esforço".

"Tratado do Amor Cortês", escrito na Europa no século XII por André Capelão,

Um comentário:

Camilla Dias Domingues disse...

ótemo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

roubei o textinho... rs!