Foto: Corbis |
Leão – Amigo! Não me leve a mal, mas assim, vai acabar espantando a comida...
Gato – Vô nada! Ela tá muito longe e estamos contra o vento...
Leão - Cê tá aí faz muito tempo?
Gato – Tô nada! Cheguei agora... cumé que tá hoje?
Leão – Semana passada tava melhor... zebras saborosas, impalas enormes, javalis suculentos. Hoje é isso aí que cê tá vendo... meio devagar.
Gato – Tá mesmo meio fraco, né? E aí, já traçou alguma?
Leão – Quer saber? Não vale à pena nem sair da moita e se cansar à toa. Olha lá aquela corsa, já viu coisica mais raquítica? Tenho que confessar, realmente tá um horror!
Gato – É... tô vendo! Mesmo assim vou ficar por aqui e encarar...
Leão – Se fosse você nem perdia tempo, tô pensando até em ir lá pro outro lado, ouvi dizer que tá bom à beça...
Gato – Tá nada! De onde acha que eu vim? É o seguinte, por que a gente não junta nossos talentos? Você com seu tamanho, velocidade, força e eu com minha inteligência... a gente atacaria rápido, de surpresa, depois dividiria cada pedaço e blá, blá, blá, blá...
Leão (de saco cheio) – Tá bom, tá bom... cê tem razão! Eu topo fazer uma parceria contigo.
O Gato não parava de falar alto demais, gesticulava e se mexia tanto atrás da moita, que os animais começaram a fugir espantados. O leão, mais puto ainda, resolveu dar um basta naquela situação. Assumiu posição de ataque e começou a gritar.
Leão – Olha lá! Olha lá! Tá vendo? Nossaaaa! Que beleza!!
Gato – O que? Onde? Onde?
Leão – Não tá vendo não? Aquela grandona alí perto da pedra...
Gato – Onde?
Leão – Tá cego cara! Ali ó!
O gato chegou a um grau de ansiedade tão intenso que mais parecia uma pipoca, dando saltinhos para o ar na tentativa de conseguir um ângulo melhor daquilo que acreditava ser o banquete dos deuses.
Leão – Nosssaaa!! Que pernão! Que coxão! Putz! Que lombo!
Desesperado, quase à beira de um colapso por não estar conseguindo enxergar a melhor promessa de refeição da vida dele, o gato do mato num ataque de insanidade, se esqueceu quem era e correu para onde estava o leão, na tentativa de ter a mesma visão do paraíso que o colega de moita, ficando quase de rostinho colado ao do enorme primo.
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Savana africana, um pouco mais de meio-dia, sol forte. Enquanto degustava o ex-sócio falastrão, o leão na meia-idade aproveitava a sombra de um gigantesco baobá para filosofar.
Leão – A natureza é mesmo um espanto! Como pode um chato vivo ser tamanho porre, mas como petisco, uma iguaria tão nobre?
5 comentários:
nossa, não sei por que eu achei neste texto algumas semelhanças com o mundo corporativo!rs
beijú!
rsrsrs. uma fábula é mesmo universal! Tem a ver sim com o mundo corporativo Camilla, mas na época em que foi escrita (2001) era sobre alianças e pactos que precipitadamente fazemos com base apenas na ansiedade. Às vezes a gente pensa que só porque alguém possui afinidades, está enxergando o mundo do mesmo ponto de vista, até que de repente...
é...isso acontece muito quando fazemos um negócio com uma parceiro...na hora de fechar a negociação, na ânsia de fechar, cedemos algumas coisas, não olhamos outras e daí quando pintam as diferenças...
e na empresas existe também a figura do Leão (que acabam sendo as grande corporações) e dos Gatos (Médias Empresas) que cismam em fazer negócios juntas e nem preciso te contar quem pode virar pestisco no final da estória...
foi vc que escreveu a fábula?
Bacana isso. Uma hora precisamos conversar mais sobre o mundo corporativo Camilla.
Escrevi a fábula como exrecício duma aula de redação e linguagem na facul.
bjão.
opa...vamos falar sim...tenho muitas estórias deste "mundo corporativo"...ótima fábula. bjuu
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