sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sim, Já estive engajado. Defendia com unhas e dentes, ideias que considerava urgentes, em parte, por acreditar que realmente poderiam ser possíveis. Não é assim que funciona a militância?
Na juventude, a razão foi o desejo de contribuir para um mundo justo para todos. Já balzaquiando, achei que seria legal mergulhar de cabeça num processo mais espiritual, uma vez que a política partidária não conseguiu realizar o que eu acreditava, pensei_ quem sabe uma fonte literalmente mais elevada, não conseguiria?
Hoje, pegar em armas, sejam elas, fuzis ou livros santos, não me interessa mais, contudo, admiro bastante os que atuam nas causas justas. É sem dúvida algo melhor que extravasar frustrações metendo porrada em mendigo, mulher, preto, gay e nordestino. Acho que estar envolvido num domquixotismo qualquer pode dar mais significado à vida que passar o dia consumindo plástico, algemado na rede em busca de coisas da moda, paixões descartáveis, nutrindo tesão pela anorexia ou comprando tecnotrecos. Se pareço ressentido, me desculpem, é minha alma corsária ainda tentando achar a saída.
Quando vejo o Bono fazendo mídia em Fórum Social, acho justo, como também acho legal estrelas pop entediadas adotando crianças sudanesas! Mas fico pensando se não deve haver mais coisas, além dessa retórica ativista neo-hippie. Percebo que a mecânica do inconformismo, décadas depois de On the Road e Woodstock, pode estar finalmente saindo da adolescência e entrando num território bem menos WWF, Peta ou Greenpeace de ser. Alguns, ligados no momento, estão deixando para trás os anos 80 e pulando fora do Rainbow Warrior. Quem sabe até para militar nesta nova frente que estão chamando por aí de WikiLeaks.



3 comentários:

Caderninho Roxo disse...

Gil, como sempre seus textos me surpreendem! Adorei este! Sabe, eu acho que e claro que sempre se pode fazer mais, porém se cada serzinho deste planeta estivesse disposto a doar algo de si, sendo adotando crianças, lutando por um mundo mais sustentável ou apenas a disposição de se doar um Sorriso para aquela criança que te pede dinheiro no farol, com certeza o nosso planeta estaria menos doente! Beijos!

GIL ROSZA disse...

Oi querida! Você tem razão, mas sabe que tem uma coisa que me deixa meio incomodado.
No Brasil, meninos negros acima de 5 anos são esquecidos na fila de adoção. Uma pesquisa revela que 90,7% dos brasileiros candidatos a pais adotivos preferem:

1 - meninas brancas
2 - com menos de 2 anos.

Ao contrário dos casais brasileiros, candidatos estrangeiros fazem pouquíssimas exigências. “Eles adotam grupos de irmãos, crianças de qualquer sexo, idade, com defeitos físicos, problemas de saúde, doenças mentais e nem mencionam cor de pele.”
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Daí fico achando que sentar no conforto do lar e pagar com Visa o boleto do Greenpeace pra salvar baleias na Antártida é moleza, quero ver é levar esses meninos negros pra casa e dar dignidade pra deles!

Camilla Dias Domingues disse...

Ressentido sim, por motivos que só você sabe e defende, mas nunca vou julgar-te... entendo.

Percebi que um tanto que vc escreveu no texto foi destinado a mim, direta ou indiretamente... rs... mesmo sem vc saber ou destiná-lo.

Na busca incessante vc ainda vai se encontrar enquanto ser social ou será que já não se encontrou?

Ah! é o WikiLeaks é democracia, rsrs...