segunda-feira, 29 de novembro de 2010


É fim de noite na pequena Ilha caribenha e não se pode chamar apropriadamente de festa o ruidoso evento em andamento no quinto andar do Ambos Mundos. Mesmo que uma parte do que é comumente servido em festas estivesse circulando livremente sobre bandejas reluzentes, a melhor definição para o que acontecia naquele exato momento no quarto 511 era: um encontro particular entre amigos com a presença de convidados desconhecidos que não se importavam nem um pouco em receber dinheiro para estarem ali. O motivo não poderia ser mais apropriado: uma despedida. Não que alguém estivesse de partida para algum lugar distante, haveria apenas uma mudança de endereço dentro da mesma cidade. Por sete anos, o ilustre gringo velho que ocupava aquele quarto, havia passado neste lugar aprazível, alguns dos melhores anos de vida dele, portanto, aquela estava sendo a última noite dele no hotel pintado de rosa-flamingo.
Enquanto Bandeira pega seu Panamá e sai discretamente do quarto acompanhando o marinheiro catalão que acabara de conhecer, o velho gringo dança vacilante um tango silencioso com uma jovem nua chamada Dolores. Aproveito a distração para ler a capa do calhamaço datilografado em uma Hermes Cursiva preta, que jazia sobre a escrivaninha. For Whom The Bell tolls, era o que aparecia centralizado em caixa alta na folha de rosto. Fiquei bastante curioso em saber quem era o merecedor da reverência do sino, mas a minha atenção começou a ser roubada por outra Dolores, uma que estava me dando entre outras coisas, um sorriso iluminado, um beijo nos lábios e um copo de absinto.

2 comentários:

Unknown disse...

Vc trabalha cheio de códigos garoto, tem que se ler com cuidado. É como pisar num texto minado, rsrs. Fiquei confusa no começo, com o tempo, depois li de novo e matei a charada, identifiquei os personagens. Mto bom Gil.

Ps: a imagem tem alguma coisa a ver com a Glacê?

GIL ROSZA disse...

hahahahaha! nossa qto tempo nao escutava esse nome! mas nao tem nao dani, é tudo ficção. :)