Acho que no fundo temos sim um engasgo a respeito da duração das coisas que pulsam por um tempo indeterminado e depois cessam de pulsar! Pode ser que lidar com a sensação de passagem sem que a possamos controlar ou evitar que algo passe, nos levou a buscar maneiras de compensar essa impotência. Uma delas seria a invenção de conceitos de continuidade, seja num plano alternativo de existência imaterial num lugar aprazível ou desprazível, seja numa ininterrupta jornada carmica entre ida e vindas.
Neste respeito, o que parece unir crentes e agnósticos é apenas o luto. O afastamento involuntário de um querido, quer por expirar naturalmente seu "prazo de validade", quer por uma trágica antecipação disso, quase sempre tem um efeito devastador até mesmo para os que vêem nele um perfeito mecanismo regulador de recursos, necessário para renovação e o equilíbrio sustentável da vida no planeta.
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