quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Eu já vinha pensando muito depois de um tempo de experiências e acho que foi nesse ponto que surgiu a necessidade de rever quase tudo que me servia de lastro. O que vinha dirigindo minha vida até então era um velho excesso de certezas. Havia nela muita opinião formada. Acho que um dos problemas do excesso de certezas é que você começa a acreditar na existência de numa visão central para enxergar tudo, algo absoluto que determina o que é ou não realidade, e pior ainda, costuma-se levar muito a sério as próprias opiniões. Paralelamente a isso, iludir-se achando que de alguma maneira, isso poderia servir pra todo mundo, como se algumas opiniões pudessem mesmo darem-se ao luxo de continuarem imutáveis a vida inteira. Atualmente me esforço bastante para ser bem mais cuidadoso em expressar minhas "convicções" e bem mais flexível em avaliar a dos outros, mesmo quando sinto que não tenho muito o que compartilhar delas. No meu caso confesso; é um exercício bem difícil, pois há tempos atrás, fiz do proselitismo uma bandeira e simplesmente metralhava sem dó tudo aquilo que precipitadamente considerava inadequado à minha visão de mundo. Pessoalmente, acho esse o segundo problema do “excesso de certezas”. Em algumas situações, agarrar-se inflexivelmente a uma certeza costuma ser o trampolim para a prática de todo tipo de “fundamentalismo” seja em questões de gênero, política, economia, estética, etnia, religião e outros. É bem possível que quase todo linchamento comece com um excesso de certezas. Num plano mais leve, corre-se risco, se não tomar cuidado, de virar um puta chato que não só acredita que precisa doutrinar aqueles que não pensam como você, como patrulhar as escolhas de vida dos outros. Quando saquei que estava bem próximo disso, decidi não convidar mais ninguém para sentar comigo debaixo duma árvore e esperar por Godot. Desde então tenho apenas tentando seguir bem mais leve o meu curso. Em vez duma queda-livre, flutuar nas ascendentes como faz qualquer mutante.

Um comentário:

Camilla Dias Domingues disse...

como vc escreve bonito! rs! quando crescer quero ser igual a vc!!!

mas esse lance de o mundo girar em torno das suas idéias me parece mesmo um pouco antagônico... me faz lembrar o ditadinho popular "o mundo não gira em torno do seu umbigo" e pregar aquilo que acha certo pode te esteriotipar de pseudo-cristão rs!

relaxa... e goza!
espere por quem quiser debaixo da árvore eu posso me sentar e esperar contigo! quem sabe o ET passar na bicicleta, somos mutantes e não largaremos essa característica inerente jamais...

tenho tb esse problema, algumas pessoas de infância hoje em dia me acham chata por ter uma ideologia e acreditar nela mas me policio ao máximo (ou não) para não ser tão insuportável assim... rs!

te gosto nego!
beijos no coração.