terça-feira, 6 de maio de 2008

Svenska e Antonio Carlos
Linköping, 1972


_ Fala pra mim o que te angustia agora?
_ (sorriso) Tá tudo bem...
_ Mesmo?
_ (o mesmo sorriso)
_ Saudade de casa... seus filhos...
_ Eles estão bem... minha casa agora é aqui!
_ (sorriso, abraço)
_ Dá mais um pedaço...
_ ...
_ Como é mesmo o nome disso?
_ Fransk Äppelkaka!
_ (tenta pronunciar e não consegue)
_ Tem que fazer assim com a língua, vai, faz?
_ Esquece... (risos) depois eu tento...
_ (beijo)
_ Então... preocupa não tá?! Tem coisas que ainda passam pela minha cabeça. Muita coisa mudou no dia em que eu soube, através de tudo que já te contei que hoje sou esse e não mais aquele. Eu to me sentindo bem aqui. Já me acostumei com quase tudo, o frio, a comida bem diferente. Ainda amo a alegria e a luz intensa dos trópicos, mas não sinto falta de nada estando aqui.
_ Não mesmo?
_ No começo estranhei a língua, mas agora já consigo até falar seu nome sem mastigar a ponta da língua. (riso).
_ (riso)
_ Quero agora, outros saberes, alguns bem mais simples do que aqueles que me torturavam depois das minhas escolhas. Descobri aqui, uma porrada de coisa que não sabia. Tá me fazendo bem deixar queimar o caminho que me trouxe aqui. A rota vai continuar viva aqui dentro, mas o pavimento, as pedras que usei pra calçar os passos, eu entreguei tudo ao passado. Hoje só preciso demolir os escombros, o que não serve mais. Preciso continuar aqui, pela paz e em paz.
_ Quer mais um pedaço?
_ ...

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