Foto: Natural History Museum / London / UK |
Na maioria dos casos onde há a presença de um enviado sádico sanguinário, existe sempre um deus onipresente, vingativo e ciumento, sustentado por alguma escritura cheia de certezas. Quando se trata de um estado totalitário ateu, é um ditador ególatra que ocupa esse lugar, postando-se num altar ideológico se fazendo passar por divindade.
Já em sociedades onde as tensões multiculturais não são capazes de erguer muros de arame farpado separando os santos dos sujos, podem surgir os que se autoproclamam guardiães da moralidade, defensores da família, que em nome de um professo fundamentalismo agem como vigilantes invasivos da vida privada dos que se mostram tanto emocionalmente dependentes da aprovação divina, quanto ávidos por alcançarem uma imediata felicidade material terrestre, um pouco antes da celeste.
É possível que seja deste império de certezas que se originam as ditas “razões justas” para discriminar, privar outros das liberdades e até matar, sem que haja crise de consciência, pois acredita-se estar numa missão sagrada à serviço de uma guerra imaginária entre o bem e o mal, entre o puro e o impuro.
Essa fantasia do imaculado faz com que se veja os etnicamente diferentes, os ideologicamente contrários ou os religiosamente não cristãos, os sexualmente orientados por outros modos de pensar o gênero, como uma perigosa ameaça segundo um delírio coletivo que se vê como “raça escolhida”, “povo santo”, “herança divina”, “superioridade tecnológica e intelectual suprema”.
Nessa imagem distorcida de si mesmo e dos outros, acredita-se que tal estrutura de valores precisa ser protegida, santificada através do fogo ou lavada com sangue. Infelizmente, na longa lista histórica de atrocidades humanas, isso sempre foi assim e não é seguro para ninguém acreditar que um dia deixará de ser.
Um comentário:
É a mesma humanidade do texto abaixo. É isso.
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